FG Consultores
Cenário setorial: um giro pelos segmentos de farmácias, moda e shopping centers

Cenário setorial: um giro pelos segmentos de farmácias, moda e shopping centers

Há sinais de que a disputa por mercado na moda on-line pode ser mais aguerrida do que em 2023 no país; e total de shopping que devem ser inaugurados no Brasil em 2024 pode crescer acima do previsto


Um dos segmentos de comércio mais resilientes no país e no mundo, o varejo farmacêutico fechou o ano passado com expansão bem acima do Produto Interno Bruto (PIB) e deve voltar a repetir a mesma taxa de aceleração neste ano, apesar da base alta de comparação de 2023.


Leia mais: Veja tudo sobre o balanço da Renner e outros indicadores financeiros, além de todas as notícias sobre a companhia no Valor Empresas 360


É um crescimento sustentado pela abertura de lojas, já que, ao se considerar as unidades em operação há mais de 12 meses (“mesmas lojas”), as cadeias sentiram efeito da alta concorrência e canibalização, e as vendas perderam força no ano passado.


Mas ao se analisar a venda total em 2023, o avanço no faturamento foi de 10%, segundo a Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar), para um reajuste de medicamento de até 5,6%, segundo determinação do governo federal, que libera os aumentos a partir de abril.


Para 2024, a federação projeta alta nesta faixa de 10% novamente, para um reajuste de medicamento que deve ficar abaixo do estipulado em 2023.


O aumento máximo permitido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), responsável pela regulação econômica do segmento de medicamento no país, será de até 4,5%, a ser aplicado nas tabelas no dia 1º de abril.


Em 2023, o PIB cresceu 2,9% e, para este ano, a estimativa do Ministério da Fazenda é de avanço de 2,2%. Essa alta de 10% no varejo de farmácias está alinhada com as previsões de fabricantes. O mercado da indústria farmacêutica projeta crescimento de cerca de 9,7% em 2024.


A expectativa tem sido, portanto, novamente positiva — nos últimos anos, o segmento lidera a taxa de expansão do comércio, ao lado de atacarejo —, mas a federação entende que há mercados com maiores dificuldades, e isso pode se estender em 2024.


Segundo Edison Tamascia, presidente da Febrafar, “alguns subcanais enfrentaram desafios significativos”, disse ele, em artigo recém publicado sobre projeções e tendências para este ano. Tamascia cita o setor independente com crescimento muito abaixo da média do mercado, assim como as redes regionais.


O ano de 2023 foi marcado também por mais recuperações judiciais, especialmente no varejo e na distribuição de medicamentos, disse ele, “indicando que empresas com dívidas elevadas e sustentadas por altas taxas de juros” enfrentaram problemas.


“Esse cenário é preocupante, pois sugere que o setor está com certas dificuldades”, afirmou. “Além disso, estamos passando por uma significativa transformação no comportamento do consumidor, nos meios e formas de compra e na concorrência, impulsionada por um processo acelerado de digitalização”.


Um outro ponto de receio refere-se a um novo aumento em impostos, que pode afetar a demanda neste ano. Dez estados brasileiros e o Distrito Federal decidiram elevar a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 2024, com efeito direto sobre as tabelas dos produtos.


Moda em foco


Há sinais de que a disputa por mercado no segmento de moda on-line neste ano pode ser mais aguerrida do que em 2023 no país, o que tende a colocar maior pressão sobre as plataformas on-line estrangeiras.


Apesar de terem ganhando mercado nos últimos dois anos pelo menos, Shein, Shopee e AliExpress, todas com atuação em vestuário (as duas últimas operam em mais mercados), terão que concorrer com varejistas brasileiras melhor preparadas em 2024 do que em 2023, e mais combativas em preço também.


É o que indica a área de análise do Citi, em pesquisa sobre o que esperar do segmento de vestuário em 2024, feito em parceria com o Laboratório de Inovação de Pesquisa do banco.


“Preço, qualidade e valor pelo dinheiro são os principais atributos que os consumidores buscam em uma marca, e Renner e C&A melhoraram seu valor à percepção do dinheiro este ano”, disse em relatório, a equipe do Citi liderada pelo analista João Soares. “Na verdade, Renner vem melhorando essa percepção desde 2023”, diz a equipe.


A equipe diz que os principais atributos de Shein ainda são preço e “valor pelo dinheiro” para as mulheres, mantendo uma percepção de “baixa qualidade” dos produtos.


Em relatório de resultado do quarto trimestre, publicado na noite de quinta-feira (14), a Renner informou alta de 8,3% nas vendas da cadeia de moda Renner (exclui outras bandeiras), acima da média do ano (2,2%).


E informa que esse desempenho refletiu a boa performance da coleção, “bem como as medidas adotadas para melhoria de percepção de preço, com modificações no visual merchandising e na execução, priorizando a exposição dos produtos de faixa de entrada, bem como a melhoria da oferta de itens mais acessíveis”, escreveu.


A empresa concorre com as plataformas estrangeiras nos produtos com preços de “entrada”, considerados mais democráticos ou populares.


No fim do ano passado, em encontro entre a linha de frente da C&A e analista de banco, o comando da varejista já havia indicado que os marketplaces asiáticos, que vendem produtos próprios e de terceiros, teriam apurado desaceleração na taxa de crescimento no país, com base em dados internos.


Mais shoppings à vista


O total de shopping centers que devem ser inaugurados no Brasil em 2024 pode crescer acima do previsto, segundo expectativas mais atualizadas da Abrasce, a associação do setor.


Inicialmente, semanas atrás, a entidade projetava de 8 a 10 inaugurações, sendo que, em 2022, foram cinco aberturas. Uma atualização da base de dados da associação já considera 18 aberturas, sendo que duas ocorreram até março. As 16 restantes são relativas ao período de abril a dezembro.


Essas informações são ajustadas periodicamente, e de forma frequente, inaugurações previstas num determinado ano acabam sendo transferidas para o ano seguinte, por questões de licença e eventuais mudanças no cenário macroeconômico.


Mas caso as inaugurações superem a projeção inicial de até 10 novos empreendimentos a serem abertos no ano, já é fato a se comemorar, que pode corroborar a previsão de recuperação mais consistente do setor, passada a fase de perdas na pandemia.


Fonte: Valor Econômico


Cenário setorial: um giro pelos segmentos de farmácias, moda e shopping centers
Navegação Rápida
Acesso ADM
© 2016 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS