Arezzo (ARZZ3) e Grupo Soma (SOMA3) vão do céu ao inferno no Ibovespa depois da maior fusão do varejo na década
Após confirmarem e assinarem acordo de fusão, Arezzo e Grupo Soma concentram as atenções no Ibovespa no primeiro pregão da semana. E o dia foi intenso. As duas ações chegaram a liderar os ganhos na primeira hora de abertura do Ibovespa. A partir do meio dia, no entanto, as ações começaram a operar em direção oposta e começaram a derreter.
O movimento de queda começou em meio a conferência dos executivos das empresas explicando a combinação dos negócios. Investidores esperavam mais em termos de sinergias, conforme fontes ouvidas pelo Valor.
Com o fim das negociações, o papel da Arezzo caiu 5,49% e da Soma recuou 6,74%. O Ibovespa fechou em alta de 0,32%, a 127.593 pontos.
O acordo ocorre após uma tentativa de combinação dos negócios sem sucesso, há cerca de dois anos. Trata-se da maior fusão do varejo desde a união de Raia e Drogasil, em 2011 e a empresa formada estará entre as 20 maiores do setor no país, segundo ranking da SBVC, entidade do segmento.
"É a maior fusão do varejo em dez, 12 anos", disse Guilherme Benchimol, da XP, assessor da operação, durante teleconferência para o mercado. Benchimol será conselheiro da nova empresa.
O sinal verde para a operação foi dado depois da análise da opinião independente (“fairness opinion”, do inglês) do J.P.Morgan, contratado pelo Soma para a avaliação.
Para a Nord Research, o fato das as ações da Arezzo subirem 12% e as da Soma 17% no pregão de sexta-feira deixa claro que o mercado enxergava a transação com bons olhos.
Contudo, a casa avalia que apesar de serem boas empresas, as ações das companhias não estão necessariamente baratas. Arezzo e Soma negociam a 10 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda); como referência, o múltiplo médio da bolsa está em 7 vezes.
A Nord tem como preferência do setor as ações da Lojas Renner (LREN3), que vendeu R$ 11,5 bilhões nos últimos 12 meses, entregando um Ebitda de R$ 2 bilhões e um lucro de R$ 931 milhões, segundo enfatizado no relatório.
Já o BTG Pactual acredita que as sinergias resultantes poderiam atingir cerca de R$ 4,5 bilhões ou 35% da capitalização de mercado combinada das empresas.
Outros conglomerados de moda e luxo geralmente geram sinergias de distribuição enquanto diversificam sua exposição a vários segmentos da moda. No entanto, esse não é o caso da fusão da Arezzo e do Grupo Soma, avaliou o BTG Pactual.
“A operação pode gerar mais de R$ 1,2 bilhão por meio de uma otimização de despesas gerais e administrativas com eliminação de estruturas redundantes”, escreveram os analistas liderados por Luiz Guanais.
Além disso, o banco acredita que um melhor gerenciamento do canal de franquias também poderia trazer mais R$ 700 milhões.
De acordo com os analistas, outra área de ganho seria a redução do custo dos produtos vendidos da Reserva, fabricando alguns de seus produtos nas fábricas da Hering, o que poderia adicionar mais R$ 500 milhões.
“Por fim, a nova empresa teria oportunidades de venda cruzada entre as marcas do grupo, gerando R$ 400 milhões em sinergias”, disse.
Fonte: Valor Investe
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